"O que me interessa é o que se vê de longe, o espaço, o tempo não."
Artista de uma obra pictórica extensa, marcada por lugares desabitados, os seus trabalhos constituem frequentemente séries temáticas, nas quais a figura humana está ausente ou surge secundária em relação aos espaços representados.
As suas pinturas destacam-se pelo rigor na representação da luz e das sombras, que desempenham um papel cénico fundamental e também pela forma como constrói as suas obras a partir de um mistério, de uma memória e um olhar sobre o país e a passagem do tempo, nomeadamente sobre a cidade de Lisboa, onde nasceu.
As casas que habitou, o cinema, a praia e o mar, os espaços transitórios e o teatro são a matéria de que é feita a sua pintura.
Arquiteto de formação, mas dedicando-se exclusivamente à pintura a partir de 1987, Manuel Amado é um dos mais importantes artistas portugueses da sua geração, com um percurso muito singular e coerente.
Partilhamos a série temática "O Quarto de Fernando Pessoa I, II e III.", composta por 3 serigrafias que retratam, de forma única, um canto do quarto do poeta, bem como de outros reais ou imaginários. Fernando Pessoa é identificado pelos objetos existentes no quarto e pela janela aberta, que mostra a casa em frente em diferentes momentos do dia: o amanhecer, o entardecer e o anoitecer.
A representação de uma janela aberta remete para os versos do poema Tabacaria, do heterónimo Álvaro de Campos, que dizem: "janelas do meu quarto, […] Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, para uma rua inacessível a todos os pensamentos […]”.
O amigo José Cardoso Pires escolheu o silêncio como força maior da sua pintura. “Em Manuel Amado o silêncio faz-se palavra pela celebração da luz. Vai mais longe: confere vida à cidade com a discretíssima insinuação de poesia e de segredo que paira nesse mundo deserto de personagens”, escreveu.
Descubra mais sobre a artista em aqui.
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