O trabalho de Rico Sequeira incide essencialmente sobre a pintura e o desenho, duas técnicas que frequentemente se confrontam embora algumas vezes se consigam conciliar, quando realmente se conseguem esbater e misturar, uma na outra, dentro da mesma obra.
Rico Sequeira afirma: “Sempre gostei muito de desenhar”, não dando qualquer importância à cor. “Essa parte da pintura pinta, pinta, é um bocado animalesco”. Rico é mais suave, mais concebível, no seu trabalho, e o verdadeiramente importante é o desenho. “As cores são bonitas, mas se estiver uma paleta ali, o que me vier à mão é que eu ponho. Já o artista Matisse dizia “Quando o desenho está bem construído, está tudo bem!”
No entanto, Rico Sequeira pinta, e não só pinta, como só usa as tintas que faz. “Compro o pigmento e faço as minhas cores. Assim dou-lhes a dimensão que quero”.
O seu traço é gestualista e cria um efeito plástico de aleatoriedade, sendo o resultado uma súmula de gestos que já contém em si o pensado.
Usa frequentemente técnicas mistas com colagens. Estas são a ponte entre a pintura e a originalidade da banda desenhada.
Nascido em Portugal, em 1954, Rico Sequeira estudou no Luxemburgo e nos EUA. O convívio com outros artistas foi sempre uma constante e nomes como António Inverno, João Vieira, João Botelho, Malagatana, entre outros, povoam as suas histórias de vida e a sua aprendizagem fluida.
Foi músico profissional, mas decidiu dedicar-se inteiramente à pintura. “Retirou-se” para o Museu do Prado, em Madrid, onde passava os dias a desenhar as obras de Goya, marcando-o para sempre no modo de olhar.
O seu percurso expositivo inicia-se em 1982 e regista-se em vários países, entre os quais se destaca Portugal, Espanha, França, Alemanha, Luxemburgo, Brasil e Argentina. Entre exposições individuais e coletivas em galerias, expôs em vários museus, como o Museu de Payerne (Suiça) e o Museu Meistermann (Alemanha) e também em Feiras e Salões Internacionais de Arte, como a ARCO, a FAC e no Salão Grands et Jeunes.
Ser colecionador é para Rico Sequeira uma forma de estar no mundo da arte. Coleciona, entre outras coisas, originais de banda desenhada que integram algumas das suas obras.
Serve-se de originais de outros artistas. “A obra nasce do encontro de objetos. Qualquer coisa que vejo: papéis bonitos, folhas de provas mal impressas… interessam-me. É um trabalho que não foi feito por mim, mas que tem, graficamente, uma estrutura muito importante e que eu introduzo no meu trabalho”.
É também escultor. “Gosto de escultura, mas não sou escultor de partir pedra”. Procura o caminho mais eficaz. “Recorto o tecido, mando coser, encho de algodão e faço o molde. As coisas têm de ser muito práticas e muito simples”.
Saiba mais sobre Rico Sequeira aqui.
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